Feira do Migrante

A mobilidade populacional faz parte da história da humanidade. Em fins do século XX e nas primeiras décadas o século XXIos motivos que levam as pessoas ao deslocamento são diversos, mas predomina a migração forçada (refugiados eapátridas). Na escala sul-americana, o Brasil, assim como Colômbia e Peru, é um dos países que exerce função decentralidade enquanto território de acolhida da população migrante, todavia essa centralidade se construiu de maneiraprocessual. No território brasileiro a concentração dos pedidos de refúgio está principalmente na região Norte e Sudeste dopaís. Na região Norte, esse trânsito se justifica por conta de suas fronteiras com outros países, principalmente a Venezuela(nacionalidade com maior número de solicitantes de refúgio), e o Sudeste por conta dos estados de São Paulo e Rio deJaneiro, que se manifestam como grandes centros econômicos do país, que historicamente têm sido espaços de maiorconcentração de atividades laborais (formais e informais). Os onze estados dessas duas regiões (Norte e Sudeste)manifestam, em conjunto, 90 dos requerimentos de vistos para condição de refugiado em 2018. Dos estados fronteiriçosda região Norte do país, destacam-se Roraima e Amazonas na recepção de refugiados. Na região Sudeste do Brasil, oestado de São Paulo apresenta maior centralidade em relação à variável quantidade de recepção de pessoas refugiadaspor nacionalidade e motivo do deslocamento forçado. No que se diz respeito à região Nordeste do país, o estado do Cearáé destaque do ponto de vista do acolhimento de migrantes, refugiados e apátridas. Ao chegar no Ceará, os migrantes sedeparam com o desafio de estabelecer as relações para se inserir na vida cotidiana da cidade, ou seja, começam aprocurar local de moradia, escola para os filhos, estabelecimento de laços com a população local ou com migrantes damesma nacionalidade, procuram planos de assistência à saúde. O grande desafio da população de migrantes internacionaldo Ceará, sendo a maior parte estabelecida em Fortaleza é inserção no mercado formal de trabalho. Uma parcela dessaspessoas possuem potencialidades artísticas, culturais e profissionais, mas por motivos diversos não conseguem muitasvezes emprego na sua área de atuação profissional original. Assim sendo, muitas optam por caminhos alternativos para teruma renda e cumprir com as necessidades de manutenção da vida. Uma das alternativas é a venda de objetos e comidasvinculadas à sua cultura. Alguns estão inseridos em pequenas feiras na cidade, outros vendem os produtos de maneiraambulante pelas ruas e outros ainda comercializam pelas redes sociais. Desse modo, enxergar a Universidade comoespaço de inclusão justifica a existência de um espaço para que seja organizada uma feira dos migrantes para que osmesmos possam mostrar sua cultura, saberes e sabores pelos produtos que serão comercializados. Desse modo, será criado um espaço plural, de trocas de aprendizados com possibilidade de geração de renda e garantia de autonomia dessa população..